A edição 2025 do Desert X traz ao Coachella Valley uma seleção inédita de instalações artísticas provocantes e inovadoras, criando diálogos impactantes entre natureza, cultura e tecnologia. Conheça por que este evento é essencial para quem busca inspiração e deseja compreender o futuro da arte contemporânea e da sustentabilidade.

Imagine um lugar onde o horizonte infinito se torna tela para obras capazes de provocar questionamentos profundos sobre a existência, tecnologia, tradição e natureza. Esse é o espírito da edição 2025 do Desert X, exposição internacional que chega ao seu quinto ano, com instalações impactantes distribuídas pela região do Coachella Valley, na Califórnia, entre os dias 8 de março e 11 de maio.
Onze artistas cuidadosamente selecionados da Ásia, Europa, Américas e Oriente Médio apresentam obras inéditas que dialogam diretamente com o espaço árido e fascinante do deserto californiano. Sob a curadoria sensível e inovadora da mostra, as criações vão além da estética convencional e desafiam fronteiras culturais, sociais e tecnológicas.
As instalações convidam o público a refletir sobre ancestralidade, sustentabilidade e sobre o futuro dos espaços urbanos e naturais em nossa sociedade contemporânea. Com a utilização estratégica de elementos arquitetônicos robustos ou estruturas efêmeras que brincam com luz, vento e movimento, a exposição estabelece um diálogo criativo e simbólico com a paisagem em constante mutação.
Entre os destaques, está a obra do mexicano Jose Dávila, intitulada The Act of Being Together, composta por blocos maciços de mármore posicionados ao longo do território. Extraídas de uma pedreira situada próximo à fronteira entre Estados Unidos e México, essas pedras monumentais exploram temas profundos, como ausência, presença, migração e transformação temporal, remetendo à emblemática técnica de Robert Smithson, artista conhecido por suas instalações em paisagens naturais.

Outra peça instigante é a instalação imersiva de Sarah Meyohas, Truth Arrives in Slanted Beams. Localizada no Palm Desert, a obra integra técnicas analógicas e digitais para projetar padrões luminosos, conhecidos como "caustics", em estruturas metálicas espelhadas. A frase poética "a verdade chega em raios inclinados" inspira visitantes a manipular os espelhos, criando efeitos visuais impressionantes e uma experiência sensorial única que lembra miragens típicas da região.

Em Palm Springs, Ronald Rael utiliza a tecnologia contemporânea de impressão 3D para dar vida à instalação Adobe Oasis, revisitando técnicas ancestrais de construção com adobe. Inspirado pela arquitetura indígena local e pelos recursos naturais disponíveis, o artista propõe alternativas sustentáveis à construção civil convencional, valorizando a tradição, eficiência energética e acessibilidade do adobe diante dos impactos ambientais atuais.

Sanford Biggers surpreende com Unsui (Mirror), uma imponente escultura recoberta por milhares de paetês, situada no James O. Jessie Desert Highland Unity Center. Inspirada no conceito budista japonês de “unsui” (nuvem e água), a obra remete à impermanência e fluidez, refletindo o movimento do vento e a luminosidade do sol, enquanto homenageia a história de resistência da comunidade negra local, deslocada na década de 1960.

Outra experiência impactante é a instalação Soul Service Station, da artista Alison Saar, que evoca antigos postos de gasolina americanos transformados em espaços de renovação espiritual. Com uma escultura feminina que simboliza força e proteção, o local oferece poemas gravados, arte colaborativa e objetos devocionais produzidos com materiais reaproveitados. Uma pausa para contemplação e conexão comunitária em meio ao deserto.

Já o suíço Raphael Hefti brinca com as percepções visuais em Five Things You Can't Wear on TV. Utilizando fibras industriais reflexivas suspensas entre dois pontos distantes, Hefti cria uma linha do horizonte artificial que vibra com a ação do vento. O movimento cinético e a interação com a luz natural tornam a instalação uma reflexão poética sobre a percepção e as ilusões visuais típicas do ambiente árido.

No Sunnylands Center & Gardens, a húngara Agnes Denes apresenta The Living Pyramid, intervenção ambiental que incorpora formas piramidais cobertas por vegetação nativa. A obra se transforma ao longo de meses, florescendo e se decompondo para refletir sobre as relações entre natureza, civilização e sustentabilidade.

Cannupa Hanska Luger, por sua vez, imagina futuros possíveis em sua instalação móvel G.H.O.S.T. Ride, parte da série Future Ancestral Technologies. Com veículos adaptados, construídos com elementos industriais e tradicionais, o artista sugere novos modos de habitar a terra, provocando reflexões sobre sobrevivência e a sabedoria indígena como antídoto aos problemas ecológicos contemporâneos.

Por fim, Muhannad Shono explora identidade e temporalidade com What Remains, usando longas faixas de tecido impregnadas com areia local. Movidos pela ação contínua dos ventos do deserto, os tecidos formam esculturas vivas e efêmeras que evidenciam a impermanência das formas e a dinâmica incessante da paisagem.

Mais do que uma exposição artística, o Desert X 2025 oferece uma experiência transformadora que aproxima arte contemporânea, consciência social e ambientalismo, convidando cada visitante a repensar suas relações pessoais com o espaço, o tempo e o ambiente ao seu redor.
Fonte: Designboom
Imagens: © Lance Gerber
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